Os cafés especiais representam um universo diferenciado de sensações. A descoberta de todas elas é um processo interessante e envolvente, tanto é que temos milhares de apaixonados por café pelo mundo.

Se você também quer começar a se aventurar nesse caminho, confira a seguir algumas informações essenciais para entender um pouco mais do assunto e repensar as suas próximas escolhas na hora de tomar um cafezinho.

O GRÃO

Antes de tudo, vale lembrar que o café é uma bebida extraída da semente de um fruto. As duas principais espécies dessa planta são Arábica e Robusta. A principal diferença entre elas (ou melhor, a distinção mais importante para esse momento) é que o café arábica possui maior complexidade de aromas e sabores. Por isso, é dessa espécie que saem os cafés especiais.

A beleza está em compreender que o fruto sofre ação da natureza em cada etapa do seu desenvolvimento e, por esse motivo, a cada safra temos resultados diferentes em uma mesma plantação. Hoje em dia, com mais conhecimento e tecnologia na produção, já é possível usar técnicas para alcançar e replicar perfis desejados.

Dentro da espécie arábica, existem muitas variedades com características diversas: arara, Bourbon amarelo, catuaí vermelho, catuaí amarelo, catucaí, mundo Novo, Sarchimor etc.

Aliás, recomendamos que você também experimente o nosso Catuaí vermelho cereja descascado com perfil sensorial de mel, caramelo e chocolate — um caso de amor!

A PRODUÇÃO

O café especial é bem cuidado desde a lavoura, os frutos são colhidos no melhor ponto de maturação, as técnicas de secagem são escolhidas de acordo com a variedade da planta e do perfil sensorial que se deseja alcançar, além da rastreabilidade que é feita em todas as etapas. Logo, não há dúvidas de que você está consumindo um produto muito diferenciado.

Nas nossas propriedades, retiramos amostras de talhões com alto potencial de produção e fazemos vários testes para escolher qual o melhor processo de pós-colheita deve ser aplicado a cada lote. Esses processos podem ser: natural, cereja descascado, honey, técnicas de fermentação, entre outros.

Como tudo acontece de forma artesanal, na maioria das vezes preparamos lotes menores (que chamamos de microlotes e nanolotes) para que todos esses cuidados sejam colocados em prática.

CLASSIFICAÇÃO

Após as etapas de pós-colheita e secagem, os cafés são separados das impurezas e escolhidos segundo seu tamanho e imperfeições. Assim, os lotes ficam padronizados. Essa seleção tão rigorosa permite revelar os melhores atributos do fruto na torra adequada.

Com as amostras já selecionadas, o café é provado por pessoas especializadas em avaliar a qualidade de cada lote e classificado com uma nota baseada em uma metodologia desenvolvida pela SCA (Specialty Coffee Association). Esses especialistas são chamados Q graders e são como os sommeliers do mundo dos vinhos. A prática envolve muito treino, técnicas e estudo.

Ao todo, são avaliados 10 atributos e a pontuação final vai de 0 a 100 pontos. Apenas os cafés acima de 80 pontos podem ser considerados como especiais. Ainda assim, algumas organizações somente reconhecem como especiais aqueles com nota maior que 83 pontos. Em geral, os cafés de 90 pontos são considerados raros.

Perceba que, na prática, o universo de produção de cafés especiais é bem estreito. O recorde mundial atual é de 96 pontos, alcançado em 2004 por um produtor brasileiro.

TORRA

Da mesma forma que as variedades, os efeitos naturais e os processos de pós-colheita influenciam diretamente na qualidade do café, a torra também é uma etapa determinante que pode contribuir para o melhor resultado final ou arruinar todos os cuidados anteriores.

Historicamente, fazia-se uma torra exagerada para esconder defeitos, até porque os cafés não eram tão selecionados e livres de impurezas. Contudo, após o desenvolvimento do potencial dos cafés especiais (o que é conhecido como a terceira onda do café), a arte da torra é uma finalização essencial para transmitir os elegantes atributos sensoriais do grão para o consumidor.

A torra adequada carameliza os açúcares no ponto a explorar o melhor que aquele lote tem a oferecer — sem carbonizar, deixar resíduos desagradáveis e até mesmo substâncias tóxicas.

Como a torra ideal favorece os açúcares naturais e evita o amargor indesejado, indicamos o consumo sem açúcar para perceber todos os aromas e sabores revelados a cada experiência.

DESAFIO

Viu só como os cafés especiais são realmente especiais? Esse é um caminho sem volta e convidamos você a uma experiência sensorial!

Se estiver pronto para esse desafio, saiba que vamos romper barreiras aqui. Coloque em uma xícara branca ou transparente um pouco de café tradicional, se possível um modelo extra forte, daqueles encontrados nos supermercados. Coloque em outra xícara igual um pouco do nosso café especial moído, de qualquer perfil.

Análise primeiro com os olhos como a cor da torra é diferente. A versão especial é mais clara? Isso não significa que o café seja fraco, mas sim que esse café foi torrado o suficiente para romper os óleos essenciais e apresentar o que ele tem de melhor.

Agora passe para o próximo passo: cheire o café. Já se apaixonou? É muito diferente, assim como não se compara um vinho de garrafão de plástico com uma reserva especial.

O café especial é um produto diferenciado a cada lote, torra e safra. Por essa razão, ele proporciona ainda diferentes sensações se combinado a métodos de extração distintos. É possível favorecer a acidez, doçura ou aroma…

Vale a pena testar para descobrir qual método garante um resultado mais agradável para o seu paladar. Não existe certo ou errado, o ideal é que você encontre o perfil que mais te agrade e nunca deixe de provar as novidades!

Enfim, o que queremos dizer é que um café de alta qualidade é cuidado na lavoura durante um ano, colhido de forma seletiva manualmente, processado com muita técnica e conhecimento, selecionado e torrado de forma a enaltecer todo o potencial que o fruto proporciona.

Isso é mais do que especial, não é mesmo?

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